Cerca de
50 militantes e apoiadores da Esquerda Marxista engrossaram o ato de
300 pessoas convocado por centrais sindicais, movimentos sociais,
partidos e organizações de esquerda em frente ao consulado da Bolívia
em São Paulo, ontem (18/9) a partir das 17h.
O Cônsul Geral da Bolívia, Jayme Valdivia, recebeu os manifestantes e
participou do ato na calçada da Av. Paulista. Ele também recebeu uma
declaração de solidariedade firmada por todas as entidades que
convocaram o ato.
Além da forte presença da Esquerda Marxista, a Juventude Revolução
(organização de jovens da EM) esteve presente com uma grande faixa e
bandeiras. Também marcou presença uma delegação da campanha mundial em
solidariedade à revolução venezuelana “Tirem as Mãos da Venezuela”, com
a maior faixa do ato. Os militantes e apoiadores da EM distribuíram mil
panfletos para os participantes do ato e transeuntes que passavam pelo
local. O Cônsul Jayme Valdivia também recebeu. O panfleto trazia a nova
declaração da EM (leia mais abaixo) e, no verso, o pronunciamento das
diversas organizações populares e operárias que organizam o cerco à
cidade de Santa Cruz, contra os fascistas (leia aqui).
O camarada Caio Dezorzi tomou a palavra no ato em nome da EM e
transmitiu a saudação dos camaradas de El Militante, da Bolívia.
Identificando-se como petista, sua fala não poupou críticas à postura
do Governo Lula que trabalha para o “diálogo entre as partes” na
Bolívia. “O
presidente Lula não pode abrir diálogo com os fascistas da Bolívia que
querem derrubar o Governo eleito e referendado com enorme apoio
popular!”, afirmou. “A única saída positiva que pode ser dada é
pela organização dos trabalhadores bolivianos como fazem os
companheiros que mantém o cerco a Santa Cruz. E os trabalhadores no
Brasil devem apoiar e estar solidários com estas iniciativas! Só o povo
em armas e a luta pelo socialismo podem resolver positivamente a
situação!”, concluiu.
Ao fim do ato, por volta das 19h, o agrupamento da EM que se formou puxava palavras de ordem, como: "Brasil, Venezuela! Bolívia e Argentina! Fora imperialismo da América Latina!"
Hoje, 19/9, o ato é no Rio de Janeiro, às 16h, na Av. Rui Barbosa, 664, em frente ao consulado da Bolívia.
Leia abaixo a nova declaração da Esquerda Marxista:
Toda solidariedade à luta do povo boliviano!
Nenhum acordo com os golpistas-fascistas!
Jorge Chávez, um líder da oposição do Estado boliviano de Tarija, deu a seguinte declaração na semana passada: “Se precisar, vai ter sangue. É preciso conter o comunismo e derrubar o governo deste índio infeliz”.
Nessas poucas palavras ele resumiu as reais intenções dos bandos
fascistas, organizados pela burguesia boliviana e o imperialismo
norte-americano, que tem praticado nos últimos dias atos de violência
contra o povo de nosso país vizinho.
No Estado de Pando, ocorreu um verdadeiro massacre de camponeses. Foram
barrados por bandos pagos e treinados pelo governador do Estado,
Leopoldo Fernandéz, quando se dirigiam a uma assembléia popular. Os
golpistas logo abriram fogo contra os camponeses. “De
repente escutamos disparos e algumas pessoas caíram feridas. Homens,
mulheres e crianças correram para todos os lados para salvar suas
vidas, mas muitos ficaram feridos ou foram capturados a força para
serem torturados”, lembra Roberto Tito, testemunha presencial do
massacre. Foi divulgado o número de 30 mortos no conflito e vários
desaparecidos, mas esse número pode ser bem maior.
A intenção desses fascistas que iniciaram uma tentativa de golpe contra
o governo de Evo Morales é a de frear o avanço da revolução que se
aprofunda na América Latina. Diante do aprofundamento do processo na
Bolívia, com o resultado do referendo revogatório de 10 de Agosto, no
qual Evo ganhou com mais de 67% dos votos, a oposição partiu
diretamente para a violência e o golpe. Já vimos este filme. Na semana
passada, em 11 de Setembro, fez 35 anos que a burguesia chilena, com o
apoio do governo dos EUA, assassinou o presidente Salvador Allende e
iniciou uma das mais sangrentas ditaduras do mundo. É isto que o
governo Bush e os governadores dos departamentos orientais da Bolívia
pretendem. E se o governo de Evo Morales não tomar as medidas corretas,
é o que pode ocorrer na Bolívia.
Se Evo acertou em expulsar o embaixador americano do país e em mandar
prender o reacionário governador do Estado de Pando, errou em não
mobilizar o povo trabalhador e os camponeses para enfrentar os ataques
dos golpistas e em conceder mais negociações à oposição.
Nenhum trabalhador brasileiro pode aceitar que o Governo Lula se
disponha a negociar com fascistas. Lula ofereceu-se desde o início para
mediar um “diálogo entre as partes”. Esse péssimo conselho de
conciliação entre as partes foi a linha tirada pela reunião da UNASUL
e, infelizmente, é o que Evo Morales tem seguido.
As últimas notícias relatam um “pré-acordo” no qual a suspensão dos
bloqueios de estradas e a desocupação de prédios públicos por parte dos
oposicionistas foi acordada diante da instauração de um diálogo
nacional para solucionar os conflitos, no qual participariam a Igreja
Católica, a União Européia, a ONU, a OEA e a UNASUL. Em troca Evo
Morales respeitaria o “direito à autonomia departamental” e suspenderia
por um mês as discussões no Congresso sobre o referendo constitucional.
Mas, ceder não fará parar os fascistas! A verdade é que essa situação
só pode ser decidida para um dos dois lados: ou a oligarquia, com a
ajuda do imperialismo norte-americano, sai vitoriosa e a Bolívia é
afundada em outra ditadura militar sangrenta; ou os trabalhadores e
camponeses completam a revolução expropriando o poder político e
econômico da oligarquia. Os trabalhadores bolivianos já demonstraram
enorme garra e coragem no decorrer da história. Sexta-Feira as
organizações populares e da classe trabalhadora de Santa Cruz deram um
bom exemplo (leia aqui).
É preciso fortalecer as organizações dos trabalhadores, organizar
Assembléias Populares e colocar o povo em armas para enfrentar a
burguesia, para assim controlar democraticamente a sociedade. Essa é a
única saída que interessa à classe trabalhadora.
Viva a Revolução na Bolívia, na América Latina e no mundo!
São Paulo, 18 de Setembro de 2008
Esquerda Marxista