É com enorme tristeza que anunciamos a morte de Steve Jones, um camarada dirigente de longa data do Socialist Appeal [da Grã-Bretanha], cujas décadas de sacrifício e dedicação ajudaram a construir a organização como ela está hoje. Descanse em paz, camarada.
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Recebemos a muito triste e trágica notícia de que Steve Jones, nosso camarada, faleceu em casa no fim de semana após uma curta doença.
Depois de conhecer Steve há mais de quatro décadas e de ter trabalhado de perto com ele nos últimos 30 anos na direção de Socialist Appeal, a notícia da morte de Steve foi um grande choque para mim, pessoalmente, como para muitos outros.
Talento
Quando jovem, Steve se juntou à Juventude Socialista do Partido Trabalhista. Pouco depois, em 1972, cinquenta anos atrás, ele se juntou ao Militant. Foi um ano de grande agitação, com a primeira greve oficial dos mineiros desde 1926, e uma quase greve geral pela prisão de cinco estivadores.
Naquela época, Steve trabalhava para o Greater London Council e era um ativista em seu sindicato, NALGO (National and Local Government Officers’ Association) [Associação de funcionários do governo nacional e local, em tradução livre].
Minhas primeiras lembranças de Steve se deram nas reuniões da Juventude Socialista e em suas conferências nacionais, das quais ele participava. Eu o conheci melhor quando me mudei para Barking, em 1982, e fazia parte do distrito de Outer East London do Militant, que incluía a filial de Steve em Dagenham.
Lembro-me das reuniões distritais que realizávamos na biblioteca pública de Barking, onde Steve sempre se levantava e dava uma contribuição estimulante. Desta forma, ele imediatamente chamou a atenção de todos.
Steve tinha um estilo único de falar, sempre bem-humorado e muito animado. Suas contribuições, que invariavelmente zombavam dos poderosos, pareciam dar vida à política. Você sempre sabia que elas seriam divertidas e bem articuladas.
Ele imediatamente capturaria a atenção de todos, geralmente com uma piada e gestos com as mãos, e manteria presa sua atenção o tempo todo. Ele tinha sua própria e única maneira de explicar as coisas.
Steve manteve esse talento ao longo de sua vida – seja em reuniões ou conferências do Socialist Appeal.
Em várias ocasiões, eu o vi atuar em conferências do Sindicato Nacional dos Jornalistas, nas quais ele participava como delegado da filial central de Londres, da qual era tesoureiro. Ele realmente levantava a conferência com suas intervenções. Era realmente notável vê-lo em ação.
Sacrifício
Você invariavelmente via Steve nos eventos. Ele sempre estava presente nas vendas de jornais, cobrindo manifestações e reuniões do movimento de trabalhadores. Não havia nada pequeno demais para ele.
Lembro-me do importante papel que ele desempenhou na separação do Militant em 1991-92. Aproximei-me dele em uma venda de jornal e contei-lhe o que estava acontecendo, e ofereci-lhe um documento explicando a posição da “minoria”.
A partir de então, Steve foi um fervoroso defensor de Ted Grant e falou em nome da oposição. Ele logo foi burocraticamente expulso pela direção do Militant taafista, razão por que se lançou na construção de Socialist Appeal.
Steve se converteu em um trabalhador em tempo integral para Socialist Appeal em 1994, depois de renunciar ao seu emprego diário. Ele estava disposto a fazer sacrifícios e ajudou no trabalho em diferentes funções: nas finanças e na livraria, além de produzir e despachar fisicamente nossa revista.
Ele tinha uma paixão particular pelos livros e pela teoria, e muitas vezes você o veria cuidando da banca de livros nos eventos.
Esses primeiros anos, é preciso dizer, foram os anos mais difíceis para a tendência, onde apenas conseguíamos manter as coisas juntas, lutando contra a corrente. Nisso, Steve desempenhou um papel essencial.
Paixão
Não só Steve era muito instruído, como também tinha uma paixão especial por filmes. Seus conhecimentos sobre filmes e diretores mais desconhecidos era notável.
A última vez que Steve discursou em uma reunião pública foi em outubro passado, no Revolution Festival, quando apresentou uma sessão sobre marxismo e cinema. Ele foi muito bem atendido, e seu discurso foi aclamado com entusiasmo. Steve estava em sua melhor forma, incluindo o humor.
A palestra está disponível online e é um importante legado que ele deixou – um que será admirado nos próximos anos.
Com esse interesse em mente, enquanto escrevia amplamente como membro de longa data do conselho editorial, especializou-se em resenhas de filmes para o Socialist Appeal.
Adeus, camarada
Hoje, nossa tendência deu passos gigantescos à frente. A tendência foi notavelmente transformada com base na teoria e por um influxo de jovens camaradas dedicados à construção da tendência marxista.
Steve de vez em quando olhava para os anos difíceis, apenas para se maravilhar com o progresso que estamos fazendo agora.
Steve foi leal até o fim e fará muita falta – mas nunca será esquecido. Ele fez parte da geração que lançou as bases para nossos êxitos atuais.
Continuaremos o trabalho de Steve na construção da tendência a maiores alturas.
Adeus camarada. Redobraremos nossos esforços para garantir que produzamos o mundo socialista pelo qual você lutou por toda a sua vida.
Como disse aquele grande revolucionário russo Leon Trotsky:
“A vida é bela. Deixe as gerações futuras purificá-lo de todo mal, opressão e violência, e desfrute-o ao máximo”.
Nossas sinceras condolências vão para Su, parceira de Steve, e outros membros da família.
Su pediu que todas as doações em memória de Steve fossem para o fundo de luta de Socialist Appeal, a fim de continuar construindo a organização revolucionária à qual Steve dedicou sua vida e energia.
Veja abaixo alguns artigos escritos por Steve ao longo dos anos, que capturam seu enorme conhecimento, talento e paixão em uma ampla gama de assuntos – de cinema, futebol, história e atualidades.
Snowpiecer: luta de classes e revolução… em um trem
Porque John Lennon se destacou do resto
Superliga, súper avaricia (em espanhol)
TRADUÇÃO DE FABIANO LEITE.
PUBLICADO EM MARXIST.COM