Eles o fizeram em condições muito difíceis face a nossas imensas dificuldades materiais nesta campanha, assim como face às próprias condições de participação dos petistas neste processo.
O PED (Processo de Eleições Diretas), como sempre afirmamos, não é um método democrático de eleição das direções de um partido de trabalhadores. Ele dissolve os militantes numa massa amorfa de "eleitores" que não participam de praticamente nenhum debate real e que devem se posicionar ou por antigas lealdades ou pelo impacto da propaganda partidária ou mesmo da imprensa burguesa. A substituição da eleição das direções em assembléias e congressos pelo PED é parte do processo de deformação e degeneração imposto pelo aparelho dirigente para se emancipar do controle da base e dissolver o caráter de classe do partido. O PED impede um verdadeiro debate de idéias e de confronto real de posições políticas.
Nossa participação neste PED confirma com imensa clareza o acerto de nossa política e da participação no PT.
Não se pode esquecer em que situação política fizemos campanha abertamente pela ruptura do PT com a burguesia, pela ruptura do governo de coalizão e pela constituição de um verdadeiro governo dos trabalhadores que tome medidas em direção ao socialismo. Como diz o Informe Político ao 27º Congresso da Esquerda Marxista:
"Os altos níveis de popularidade de Lula estão baseados nesta situação de conjunto. E toda ação da oposição burguesa não é mais que atacar a maquiagem buscando preservar as instituições e preparar o futuro para o momento de novas disputas eleitorais.
Esta situação vai perdurar enquanto a crise, que continua a se desenvolver internacionalmente, não atingir um pico e pegar o Brasil em cheio. É por isso que não se pode prever grandes mobilizações de massa ou greves de massa no próximo período. Mas, se o governo Lula se beneficia deste conjunto para aprofundar as privatizações e a entrega do Brasil ao capital internacional, como está fazendo e pretende continuar, isto prepara uma reacomodação das forças da classe para um período posterior onde tudo será questionado. A ruptura da bolha de crédito, a crise mundial de superprodução que se aproxima, o aprofundamento dos sofrimentos das massas exploradas, tudo isso vai deixar o governo Lula e seus defensores nus e na rua. É para esta situação que é preciso se preparar, sabendo que nada está previsto para acontecer no curto prazo. Tudo depende de acontecimentos e circunstâncias, do desenvolvimento da força das leis que regem a economia capitalista e de ações políticas nacionais e internacionais que o proletariado conseguir empreender.
A perspectiva, portanto para os próximos anos imediatos é de um desenvolvimento "pacífico" e relativamente "controlado" da luta de classes de massas". Esta situação se desenvolve, por outro lado, no quadro de uma situação internacional que engloba o Brasil, apesar do que afirma Lula. Esta situação corretamente caracterizamos no Informe Político ao 27º Congresso como uma "Situação convulsiva" onde "A revolução na América Latina e a instabilidade completa internacional provocada pela crise capitalista são as marcas do período".
É nesta situação que podemos afirmar que o resultado de nossa participação no PED é positivo. Este resultado deve ser entendido a luz da situação política, do caráter do PED, mas principalmente de nossa trajetória no último período e de nossa política atual. Por um lado não conquistamos o objetivo de 2.000 votos, o que permitiria manter nossa posição na DN PT. Por outro lado realizamos 83% do objetivo (que sabíamos ser alto e cujo resultado não está mal, como veremos) e apresentamos a Esquerda Marxista e nosso programa para milhares de petistas.
Podemos afirmar que assentamos as bases para uma expansão da Esquerda Marxista e para seu crescimento em muitos estados. Realizamos inúmeras bancas durante o PED com excelentes vendas de nosso material político. Nosso caráter militante e independente ficou marcado pelo fato de que praticamente só a Esquerda Marxista tinha banca na maioria das atividades.
Na conferência de abril de 2007 afirmamos:
"Nossa participação na preparação do III Congresso do PT já nos permitiu uma aplicação prática da orientação decidida após a Escola de Quadros de janeiro de 2007. Nossa tese e a batalha pelas assinaturas até agora já nos permitiu retomar e ampliar enormemente nossos contatos nacionalmente. Trata-se agora de transformar esta adesão política em organização implantando OT(M) nestes estados onde não temos militantes. Mas, se constatamos que, de fato, havia muitos petistas dispostos a assinar nossa Tese, nosso afastamento de fato do PT e nossa orientação equivocada de ruptura (já corrigida) tornou nosso trabalho muito mais difícil pondo em risco a possibilidade de apresentação da Tese. Mas, o resultado é muito positivo e se demonstra, também, em números pelo crescimento da organização em todas as regiões, mas em especial nos setores operários.
A Conferência Nacional relança assim a campanha de assinaturas de nossa Tese com objetivo de agrupar 1.500 assinantes e filiar 200 novos petistas até o III Congresso (30/08/07). Trata-se para nós de lançar as bases da constituição de uma articulação de militantes petistas, mais ampla, constituída ao redor de OT(M) (hoje Esquerda Marxista), a partir do agrupamento destes 1.500 assinantes e outros militantes simpatizantes .... Esta articulação nacional, impulsionada por OT (M), deve se constituir, portanto, basicamente em torno da Tese "Um Programa Socialista para o Brasil". (Resolução O Momento político e nossas tarefas).
O desenvolvimento desta orientação se concretizou nas 1.000 assinaturas em nossa Tese, na chapa "Programa Operário e Socialista" e seus resultados positivos. Frente a este conjunto de circunstâncias podemos afirmar como fez Chávez sobre o resultado do referendo na Venezuela: "Ainda não conseguimos... por enquanto".
Um outro resultado importante foi nossa aproximação e abertura de diálogo com diversos militantes e agrupamentos em diversos estados. Esta aproximação deve continuar através da proposta de realização de Seminários conjuntos, em 2008, para discutir a Coalizão do Governo Lula com os partidos capitalistas, o PAC e suas conseqüências, a revolução na Venezuela, o Socialismo e o PT.
Trata-se de tirar as conseqüências políticas centrais para nossa correta orientação nos colocando em melhor situação para os futuros combates.
1. É tarefa prioritária da Direção da Esquerda Marxista organizar a busca de contato com os petistas que nos apoiaram em todo o Brasil.
2. Concretizamos nossos resultados com uma campanha de filiação ao PT de toda a área de influência da Esquerda Marxista. É nossa responsabilidade demonstrar aos militantes e trabalhadores que apóiam a política da EM que devem expressar isso apoiando a EM em todos os seus combates. E um combate central é sempre o que se trava no partido. Assim o apoio que temos em eleições sindicais ou parlamentares deve também se expressar em apoio à nossa participação nas eleições no PT.
3. Trata-se de conquistar o apoio real necessário à nossa política marxista e revolucionária concreta, que busca organizar a vanguarda revolucionária e a classe operária para a resolução da crise da humanidade que se resume à batalha pela construção do partido revolucionário. A luta pela construção do partido operário revolucionário, secção da Internacional, não é o vago desejo de realizar um ato de auto-proclamação constituindo um novo partido com três amigos e dois conhecidos, mas a militância ativa pelo reforço, hoje e agora, da Esquerda Marxista. E isto significa engrossar as fileiras da Esquerda Marxista e ampliar seu leque de apoiadores para novos combates que se aproximam.
Sobre o 2º Turno das eleições para presidente nacional do PT
Os candidatos no 2º Turno são candidatos de agrupamentos políticos comprometidos com toda a política que combatemos duramente em todo o último período. Ambas as candidaturas estão comprometidas com a manutenção da Coalizão com a burguesia, com o envio de tropas ao Haiti, com a implementação do PAC e todas as privatizações decididas por Lula, enfim com o apoio incondicional ao governo que interveio militarmente nas fábricas ocupadas por trabalhadores e tem jogado um papel de tentar impedir a revolução na América Latina.
Assim não participamos em nenhuma articulação de apoio a qualquer candidato apesar das diferenças existentes entre eles. Não há o menor sentido nem o apoio ao candidato oficial de Lula e nem apoio a dita "frente anti-campo majoritário". Para a Esquerda Marxista definidor são as posições políticas adotadas na prática. Como disse Marx, a prática é o critério da verdade e estas duas candidaturas e os agrupamentos que as sustentam são os pilares que permitem a concretização de toda a política reacionária do governo Lula.
Neste sentido nossa indicação pública aos militantes e apoiadores é de voto nulo, branco ou abstenção (onde não temos candidato no 2º Turno estadual ou municipal) na candidatura presidencial nacional no 2º Turno do PED.
Secretariado da Esquerda Marxista
December 10, 2007