Maravilhoso! Não tem outra palavra para descrever a situação de 3 de outubro. Os trabalhadores em toda a Indonésia entraram em greve e tomaram as ruas. Esta primeira greve em meio século verdadeiramente eleva as expectativas e esperanças de uma virada no movimento dos trabalhadores da Indonésia.
Mais de 1 milhão de trabalhadores pararam em mais de 20 distritos e 80 zonas industriais. Portos e zonas industriais foram bloqueados. Os trabalhadores fizeram “varredura” nas fábricas para reunir outros trabalhadores para a greve. (Varredura é uma tática militante recente no país e geralmente usada por trabalhadores indonésios, onde eles passam de fábrica em fábrica para reunir trabalhadores para fazer greve. Geralmente forçam os donos a abrirem os portões da fábrica e parar a produção), (no Brasil o termo adotado pode ser traduzido para arrastão). Onde os empresários advertiam seus trabalhadores para que não participassem da greve e fechavam os portões, a massa de trabalhadores lá foi para derrubar os portões e liberar seus irmãos e irmãs. Os relatos que seguem nos dão uma imagem da combatividade dos trabalhadores e a dimensão dessa greve geral.
Batam e Riau
A zona industrial Tanjung Uncang em Batam foi completamente fechada nessa manhã com milhares de trabalhadores em greve protestando nas ruas. Em torno de dez a doze mil trabalhadores de 200 fábricas nesta zona industrial fizeram greve. Akta, o dirigente sindical da Tanjung Uncang SPSI disse: “Tanjung Uncang está vazia. Os trabalhadores não foram trabalhar. Pedimos que eles entrassem em greve porque nós em Tanjung Uncang somos realmente vítimas dos baixos salários”.
Na zona industrial de Muka Kuning, todas as empresas manufatureiras pararam suas operações. Ninguém ousou abrir suas fábricas por que a greve geral era muito grande e ampla. Desde 6h30min da manhã os trabalhadores do sindicato FDPMI se juntaram para bloquear as ruas. “Em toda essa área, há 25 mil de trabalhadores em de greve”, disse Suprapto, coordenador sindical do Garda Metal FSPMI Batam.
Desde o início da manhã em todas as zonas industriais em Batam (Muka Kuning, Tanjung Uncang, Kabil, Sekupang, e Batu Ampar), milhares de trabalhadores fizeram “varreduras” para reunir outros trabalhadores que ainda estavam trabalhando para entrar em greve. No total, tinha mais de 40 mil trabalhadores em greve. Depois de protestar nestas zonas industriais, os trabalhadores de todos os cantos foram para a sala do prefeito de Batam. Lá, a polícia e soldados estavam esperando desde a manhã com escudos, cassetetes e ratã (um chicote flexível com uma haste que sai da palma do ratã e é usada como instrumento de punição). Arame farpado tinha sido colocado para proteger o escritório do prefeito, desafiando os trabalhadores. Finalmente o prefeito convidou os trabalhadores a dialogar. Com um protocolo mais do que habitual, o prefeito prometeu que satisfaria todas as demandas dos trabalhadores.
No distrito de Karimum, milhares de trabalhadores da FSPMI de 7 fábricas tentaram entrar a força no prédio do parlamento. No entanto, foram parados pelas forças de segurança e o empurra-empurra seguiu.
Enquanto isso, o diretor da Câmara de Comércio Riau, Johanes Kennedy, arrogantemente disse que “o método de ação adotado pelos trabalhadores é arrogante, antiético, e antipático.” Se Johanes estava falando de confiança então está claro que hoje os trabalhadores com sua greve geral ganharam massiva confiança. Hoje, os trabalhadores têm o direito de serem arrogantes. Os trabalhadores de Batam mostraram que eles são aqueles que detêm o poder e podem parar as rodas da produção. Raivoso, Johanes ameaçou os trabalhadores, “Isso não pode mais ser tolerado.” Ele não conseguia acreditar em como os trabalhadores se atreveram a erguerem-se e lutar.
Bekasi
Bekasi é uma das mais importantes zonas industriais da Indonésia. É responsável por 70% da produção não petrolífera e gás de exportação. No ano passado, zonas industriais em Bekasi foram o centro das atividades do movimento trabalhista na Indonésia. Suas ações radicais foram inspirações para os trabalhadores em outras áreas. Hoje, eles são a vanguarda do proletariado indonésio. Bekasi é o centro, o ponto de maior concentração nessa greve geral.
Todas as zonas industriais em Bekasi (MM2100, EJIP, Delta Silicone, Hyundai, Lippo Cikarang, e Jababeka) foram completamente fechadas. O sindicato FSPMI estimou em torno de 500 mil trabalhadores em greve em Bekasi. Enquanto isso, 2300 policiais foram mobilizados para garantir a segurança dos 23 pontos de greve em Bekasi.
Na zona industrial de MM2100 milhares de trabalhadores protestaram desde 7h30min da manhã. Os trabalhadores da PT TAS (fábrica de bebidas), PT Lotte (fábrica de doces), PT Denso (fábrica de partes automotivas), Astra Honda Motor (fábrica de partes para motos), PT JSSI (fábrica de processamento de aço), e outras entraram em greve. Só na PT TAS pararam 1200 trabalhadores. “Quase todas as fábricas nessa área pararam a produção. Todos os trabalhadores estão nas ruas.”, disse um trabalhador da Astra. Não eram apenas trabalhadores da produção que entraram em greve, pessoas não ligadas diretamente à produção também participaram da greve, como Ana Damayanti e dezenas de seus amigos que trabalham na administração da PT JSSI. De motos ou a pé, os trabalhadores continuaram seus protestos e “varreduras”. As 14h00min eles se juntaram na entrada da zona industrial há apenas algumas centenas de metros da entrada da rodovia, causando um engarrafamento. Às 16h00min, Andi Gani Nenawea, dirigente sindical do KSPSI, terminou a greve. Ele fechou seu discurso com um aviso ao governo: “Hoje não entramos na rodovia. Mas, se o governo não cumprir suas promessas, vamos entrar na rodovia com massas ainda maiores.”
Na zona industrial Jababeka, dezenas de milhares de trabalhadores da KASBI, SPSI, FSPMI, FPBJ, SPN e outros sindicatos entraram em greve. A polícia estimou 23 mil trabalhadores em Jababeka fizeram greve, mas fotos e vídeos mostravam mais. Da PT Unilever havia 1400 trabalhadores terceirizados em greve. “Se nós, os trabalhadores terceirizados, entramos em greve, a produção vai parar porque nós trabalhamos nos setores importantes da empresa.” disse o dirigente sindical da SPAI-FSPMI PT Unilever, Siyanto. Dezenas de milhares de trabalhadores em Jababeka se reuniram desde as 9 da manhã. Eles então fizeram “varredura” indo de fábrica em fábrica. Dezenas de milhares de trabalhadores da KASBI tentaram derrubar os portões da Pertamina (empresa estatal de petróleo), mas a presença do exército conseguiu parar a ação.
Em sua entrevista com a TV One News na zona industrial de Jababeka, o dirigente da KSPSI, Heri Purwanto enfatizou: “Queremos mudar o regime, mudar o sistema. Se este regime, este sistema, hoje já não pode mais proteger o povo da Indonésia, por que temos que mantê-lo? O único caminho é nós fazermos uma revolução, e vamos paralisar a economia deste país.” Isso foi imediatamente respondido por centenas de trabalhadores em torno dele com um grito de saudação: “Viva os trabalhadores”.
Enquanto isso, em Jakarta, 3000 trabalhadores de diferentes sindicatos se juntaram em frente ao prédio parlamentar da província de Jakarta. De lá, os trabalhadores fizeram uma longa marcha ao escritório do Ministro do Trabalho.
Tangerang
Em torno de 100 mil trabalhadores em Tangerang, outra importante área industrial na Indonésia, entraram em greve neste movimento de Greve Geral de 3 de Outubro. Havia 27 pontos de ação onde os trabalhadores protestaram. Em frente do prédio parlamentar de Tangerang, trabalhadores se reuniram sob os olhares vigilantes da polícia. Eles fizeram discursos e cantaram músicas de trabalho.
No entanto, em uma fábrica, os trabalhadores sofreram violência da polícia e do exército. Quando os trabalhadores visitaram a PT LG Elektronik para reunir os trabalhadores para entrarem em greve, eles encontraram um fila de policiais e soldados. Os trabalhadores tentaram negociar, mas não conseguiram. A polícia rapidamente disparou bombas de gás lacrimogêneo nas massas, e depois disso foram atrás dos trabalhadores com seus escudos e cassetetes. Sete trabalhadores ficaram feridos.
Como de costume, para assustar os trabalhadores, a Associação de Empregadores Indonésios de Tangerang ameaçou fechar as fábricas se os trabalhadores continuarem sua greve. “Quando a greve dos trabalhadores para a produção, preferiremos fechar do que sofrer perdas se os trabalhadores continuarem a fazer greve.”
Cilincing e Tanjung Priok
Na zona industrial de Berikat Nusantara milhares de trabalhadores fizeram greve. A pé ou de moto, eles “varreram” outras fábricas. Em uma fábrica de roupas, PT Hyung Song, os trabalhadores derrubaram os portões da fábrica. Dezenas de policiais e forças de segurança ficaram impotentes perante a ação de milhares de trabalhadores. Quase houve um enfrentamento, mas finalmente o dono foi forçado a deixar os trabalhadores entrarem em greve.
Particularmente destaca-se a ação das mulheres trabalhadoras na zona industrial de Berikat Nusantara. A ação de greve foi iniciada por uns 200 trabalhadores de vestuário, a maioria mulheres. Então “varreram” outras fábricas e conseguiram liberar em torno de 10 mil trabalhadores para a greve. Isso nos lembra a Revolução de Fevereiro na Rússia onde foi iniciada por mulheres que reuniram seus irmão para fazer greve e acabou com a queda do Czar.
Os trabalhadores então marcharam para o porto de Tanjung Priok com 700 motos e um caminhão container. Motoristas de caminhões, que foram organizados pelo sindicato SBTPI, também entraram em greve e fecharam os portos. Até a tarde, o porto estava virtualmente vazio. Trabalhadores e motoristas em greve bloquearam o porto, pararam os caminhões containers que ainda estava operando. “Pedimos para todos os motoristas pararem as operações. Se ainda há caminhões operando, significa que eles não ouviram nosso chamado. No entanto, nós os paramos,” explicou o dirigente do sindicato SBTPI, Ilhamsyah.
Pulogadung, Leste de Jakarta
Na zona industrial de Pulogadung, 75 mil trabalhadores entraram em greve e fecharam esta área. Eles bloquearam as entradas para essa zona industrial. Desde 7 da manhã, trabalhadores também foram de fábrica em fábrica reunir outros trabalhadores para greve.
Em uma fábrica de sabão, PT Total, centenas de trabalhadores derrubaram os portões das fábricas para permitissem que 50 trabalhadores que ainda estavam trabalhando lá saíssem para a greve. No início os trabalhadores gritavam de fora da fábrica. No entanto, como o dono da fábrica não abriu o portão, centenas de trabalhadores se aproximaram e começaram a sacudi-lo. O portão de aço finalmente caiu. “Vamos sair, saiam. Pelo nosso destino, sem mais sofrimentos. Ainda temos motos aqui,” gritavam os trabalhadores. Os trabalhadores da fábrica de sabão aceitaram o chamado e saíram.
É estimado que a zona industrial, que produz roupas, produtos eletrônicos e farmacêuticos e papel, sofreu perdas de centenas de bilhões de rupias (centenas de milhões de dólares). “Há 373 fábricas aqui. Em média cada fábrica tem uma receita de Rp. 1 bilhão. Se todas as fábricas pararem de operar, imaginem quantas centenas de bilhões serão perdidas,” reclamou um funcionário da Associação leste de Jacarta, Bambang Adam.
Bandung
Em Bandung, milhares de trabalhadores cercaram o gabinete do governador desde a manhã. Uma escolta de motos veio em ondas da área de Cimahi. Em frente do gabinete, trabalhadores exigiram que o governador de Java Ocidental assinasse imediatamente uma carta moratória para impedir qualquer terceirização e fim do contrato de trabalho. À tarde, em função da pressão massiva dos trabalhadores, o Governador Ahmad Heryawan finalmente assinou a carta moratória, proibindo terceirização em todas as 26 cidades e distritos de Java Ocidental. Milhares de trabalhadores comemoraram intensamente quando a declaração foi lida diante deles.
Purwakarta
Milhares de trabalhadores de 134 fábricas entraram em greve e tomaram as ruas. Eles ocuparam as principais ruas da Zona Industrial de BIC Cikopo e a fecharam completamente. Os trabalhadores que foram organizados pela FSPMI e SPSI também usaram suas motos e bloquearam as entradas das fábricas.
Milhares de trabalhadores também rodearam o prédio parlamentar de Purwakarta. Após uma tensa reunião com os representantes dos trabalhadores, o presidente do parlamento de Purwakarta finalmente assinou uma carta de recomendação com 4 das exigências dos trabalhadores, para serem enviadas à IX Comissão do Parlamento Nacional, Ministro das Finanças e Ministro do Trabalho.
Gresik
Em torno de 500 trabalhadores do sindicato SPBI Gresik realizaram uma marcha ao prédio do parlamento. Os trabalhadores em suas motos tomaram as ruas com suas grandes bandeiras vermelhas da SPBI. O dirigente do SPBI Gresik, Agus Budioni, disse em seu discurso: “A demanda para erradicar a terceirização e o sistema de contrato está na agenda da SPBI desde antes mesmo da lei do trabalho UU No.13/2003. A greve geral de hoje é parte da longa luta que travamos.”
Um trabalhador da Gresik, também um membro da Militan, disse: “A ação de 3 de Outubro acendeu a coragem dos trabalhadores para lutar contra a opressão, a coragem que havia sido previamente suprimida pelos patrões e mesmo sindicatos que apoiavam os patrões. Isso mostra que a coragem dos trabalhadores demostra seu caráter de classe. Os trabalhadores da PT Karunia Alam Segar, PT Panalux, PT Aston Adi Jaya, PT Garam e PT Petrokimia e muitos outros trabalhadores se juntaram à ação, mas os patrões trancaram os portões para impedir que os trabalhadores tomassem as ruas. No entanto, estes trabalhadores conseguiram sair à força graças à acumulação de consciência e raiva contra o sistema que os oprime. Isso mostra o caráter revolucionário dos trabalhadores. Das camadas mais avançadas, haverá jovens trabalhadores que emergirão e se tornarão a liderança da revolução que derrubará o capitalismo e construirá um novo sistema: o socialismo.”
Java do Leste
Trinta mil trabalhadores de Java do Leste de muitas cidades como Surabaya, Sidoarjo, Pasuruan, Mojokerto e Gresik entraram em greve. Trabalhadores se juntaram em diversos pontos de ação, como o gabinete do governador (2000 trabalhadores), Gedangan (5000 trabalhadores), e Sepanjang, Sidoarjo (2000 trabalhadores).
Membros da Militan em Surabaya que tomaram parte na ação informaram:
“Hoje, quarta-feira, milhares de trabalhadores de diferentes sindicatos em todo o distrito de Sidoarjo reuniram-se na Zona Industrial de Berbek Industrial Zone. Eles entraram em greve para exigir a erradicação da terceirização e por aumento de salário. Na ação, os trabalhadores realizaram uma longa marcha e fecharam a zona industrial. Todo o acesso à rodovia para entrar e sair da zona industrial foi bloqueada.”
“Além de protestarem, os trabalhadores também realizaram um arrastão na fábrica PT Maspion I (fábrica de eletrônicos) na zona industrial Aloha. Trabalhadores então bloquearam o porto da Rua Aloha e Purabaya e causaram um longo engarrafamento. Tensões emergiam enquanto os trabalhadores “varriam” as fábricas na zona industrial de Rungkut e tentavam derrubar os portões da PT HM Sampoerna (fábrica de cigarros) e PT Sinar Mas”.
Makassar
Milhares de trabalhadores organizados pelo KSBSI em Makassar entraram em greve. Com motos, eles realizaram um cortejo da Praça Hertasning até o gabinete do governador em Sulawesi do Sul. Os trabalhadores tentaram entrar no prédio para encontrar o governador. No entanto, foram bloqueados pela polícia. Eles começaram a sacudir os portões do prédio e foram ficando impacientes esperando pelo governador. O governador aparentemente não estava no gabinete. Foi informado que ele estava em reunião em um local não revelado.
“Este é o destino dos trabalhadores e do povo que quer levar suas aspirações a seus líderes, só conseguimos encontrar com os funcionários do escalão inferior. Seria diferente se fosse sobre um projeto que tivesse muito dinheiro envolvido. Então teria uma resposta séria. O povo pobre e trabalhador são proibidos de serem prósperos”, disse Samsuddin, um trabalhador terceirizado da PLN Takalar, uma empresa estatal de eletricidade. Com raiva porque não conseguiram se encontrar com o governador, os trabalhadores bloquearam as ruas e queimaram pneus.
Deli e Medan, Sumatra do Norte
Em torno de 5 mil trabalhadores de Deli Serdang e Medan entraram em greve juntos. Eles dirigiram suas ações ao gabinete do governador de Sumatra do Norte. Para impedir o avanço dos trabalhadores em torno do gabinete do governador, em seu entorno foi erguida uma barricada com arame farpado e 1300 policiais foram mobilizados.
Os trabalhadores também “varreram” as zonas industriais de Medan II e Tanjung Morawa. Em uma fábrica quase ocorreu um enfrentamento quando as forças de segurança impediram os trabalhadores de se juntarem à greve geral. Apenas 10 trabalhadores foram liberados para participar. Os trabalhadores de fora da fábrica ficaram furiosos e derrubaram os portões da fábrica. O dono finalmente permitiu que todos os trabalhadores se juntassem à greve geral.
Berau, leste de Kalimantan
Milhares de mineiros em Berau, Kalimantan do Leste, também fizeram greve em 3 de outubro. Trabalhadores de diferentes sindicatos se reuniram nessa greve. Desde a manhã eles se reuniram em frente ao prédio do parlamento Berau. De lá, eles marcharam ao gabinete do Ministro do Trabalho, e acabaram a marcha no escritório regente. Depois de ser recebido pelo Berau Regent, os trabalhadores terminaram seus protestos às 17h30min. Em seus discursos, além de falar sobre as 3 principais demandas da greve nacional, os trabalhadores também exigiram o cumprimento da Seção 33 da UUD 45 (constituição indonésia), que é a nacionalização da indústria mineira. Firmansyah, um trabalhador do sindicato SBSI disse em seu discurso que a Indonésia é um país rico com minerais, mas seus trabalhadores estão longe de prosperarem.
Indramayu
Milhares de trabalhadores da PT Pertamina Balongan Indramayu (empresa estatal de petróleo) que estão organizados pela KASBI também fizeram greve. Houve enfrentamentos quando trabalhadores efetivos (não terceirizados) da PT Pertamina entraram na área do escritório para chamar trabalhadores que ainda estavam trabalhando e as forças de seguranças tentaram impedir essa ação de “varredura”.
Os trabalhadores continuaram sua ação de greve no dia seguinte e fecharam a empresa. “Hoje é o segundo dia que fazemos greve. Bloqueando todas as entradas, vamos provar que estamos falando sério sobre nossas reivindicações”, disse Asrol, para unificar o sentimento entre os seus colegas de trabalho. Neste segundo dia, os trabalhadores bloquearam as entradas da PT Pertamina estacionando 8 caminhões que transportavam tubos de petróleo. Eles esvaziaram os pneus dos caminhões e tomaram as chaves. A tensão cresceu quando os soldados vieram para impedir os trabalhadores de bloquear as entradas. No entanto, os soldados finalmente recuaram mediante os milhares de trabalhadores militantes.
Subang
Em Subang, milhares de trabalhadores da KASBI e SPSI protestaram em frente ao gabinete do ministro do trabalho e do prédio parlamentar. Um coordenador de campo do KASBI, Rahmat Saputra, disse que Subang é uma das zonas de relocação para chefes de fábricas porque o salário mínimo em Subang é muito baixo, 825 mil rupias por mês (em torno de $90 por mês). Os trabalhadores exigiram um incremento de 1.5 milhão de rupias. Além disso, as massas do Forum de Famílias de Trabalhadores Migrantes também participaram na ação, exigindo que o governo preste atenção ao bem-estar de trabalhadores migrantes e suas famílias (Obs.: há 6 milhões de trabalhadores indonésios migrantes, espalhados na Ásia e Oriente Médio).
Os trabalhadores da fábrica de roupas, PT BuniVittex, também protestaram. Os trabalhadores exigiram aumento de salários e benefícios sociais para todos os seus trabalhadores. De acordo com Deni, um dos trabalhadores de lá, a empresa trata seus trabalhadores de forma desumana. Foi pedido aos trabalhadores para pagarem com seus próprios salários o custo de uniformes e tesouras necessários para o trabalho. “Às vezes o custo da tesoura e uniforme são descontados de nossos pagamentos”, disse Deni. Os trabalhadores então queimaram pneus e seus uniformes em frente da fábrica.
Prabumulih, Sul da Sumatra
Centenas de trabalhadores da petroleira de Pertamina fizeram greve e realizaram uma longa marcha ao escritório principal de Pertamina. Eles também realizaram arrastões para chamar outros trabalhadores para a greve. “Vamos fazer uma longa marcha e arrastar nossos amigos que ainda não estão conosco”, disse Rujianto, dirigente sindical da SBBP que foi recebido com aplausos por centenas de seus colegas de trabalho. Quando eles tentaram entrar no escritório de Pertamina para reunir seus amigos para a greve, os portões foram fechados em cima deles. Os trabalhadores então derrubaram os portões e tiveram de se enfrentar com uma coluna da polícia.
E muitos outros...
Há muitos outros locais que não estão relatados neste artigo, como Bogor, Depok, Semarang, Karawang, etc. Há ainda um relato de um protesto em Bali. No total mais de 1 milhão de trabalhadores fizeram greve neste dia. Eles fecharam as fábricas, empresas de petróleo, as ruas, e portos em toda a Indonésia.
A classe dominante foi de certa maneira pega de surpresa. Eles não esperavam que a greve geral tomasse tamanha dimensão. O orador do parlamento nacional Marzuki Alie, exigiu que os trabalhadores parassem com a greve. “Se isso continuar, não será bom para o clima de investimentos”, disse Marzuki. Ele parece ecoar as demandas do Banco de Desenvolvimento Asiático que imediatamente respondeu à greve geral dizendo ao governador para não abolir a terceirização. “A terceirização tem muitos benefícios, especialmente para a eficiência de empresas, então não assine a abolição”, disse Edimon Ginting, um economista da ADB (Banco de Desenvolvimento Asiático).
Enquanto isso, a outrora heroína da classe trabalhadora indonésia, Dita Indah Sari, que agora está trabalhando para o Ministro do Trabalho, lamentou sobre o acontecimento da greve geral. Ela disse que os trabalhadores não têm um forte motivo para fazer a greve geral. “Nós abrimos todas as portas para o diálogo, então não há razão nenhuma para a greve”, disse Dita. É muito irônico que quando tal evento histórico está acontecendo, Dita, que foi um instrumento na construção do movimento dos trabalhadores indonésios desde o período da ditadura, agora se encontre do outro lado da barricada.
O fim da Greve Geral, mas não o fim de tudo
A greve geral foi inicialmente planejada para durar 5 dias. No entanto, na noite de 3 de outubro, Said Iqbal, Presidente da KSPI, encerrou a mobilização.“Eu gostaria de afirmar que a ação de greve geral que tomou toda a Indonésia terminou hoje às 16h00min e não haverá nenhuma ação de greve amanhã nem no próximo dia,” disse Said. Ele disse que nas próximas 2 semanas eles estão esperando o resultado das negociações com o governo, especialmente sobre a terceirização e salários.
No entanto, não devemos nos desesperar. Este 3 de Outubro se tornou um dia histórico para o movimento dos trabalhadores indonésios. Um grande passo foi dado pelo movimento dos trabalhadores. A próxima tarefa para os trabalhadores é construir a confiança de que eles venceram e prepará-los para a próxima batalha contra os capitalistas. Na próxima greve geral, os trabalhadores estarão mais preparados, organizacionalmente e politicamente. No futuro, se os trabalhadores tiverem seu próprio partido, dos trabalhadores, imagine o que eles podem conseguir com uma greve geral!
Translation: Esquerda Marxista (Brazil)