A nacionalização de Colquiri está em risco. Como mostra o plano gráfico de La Razón, a promulgação do DS 1337, de 29 de agosto, acordado com o setor cooperativo de forma unilateral, concede à minoria de mineiros filiados à Cooperativa 26 de Fevereiro a maior parte da jazida de Colquiri. A mediação com os interesses dos cooperativistas põe em risco a sustentabilidade econômica da jazida estatal e contradiz uma decisão assumida e apoiada pelo povo de Colquiri e pela classe trabalhadora em seu conjunto. Em Colquiri, a defesa das políticas públicas de manejo dos recursos está em jogo, por isto a COB deve convocar uma mobilização nacional.
Os termos do acordo são que a cooperativa não poderá aumentar o número de seus filiados e deverá indenizar a Sinchi Wayra pela parte da jazida que passa ao seu controle. O objetivo é o de evitar futuros enfrentamentos e avassalamentos que poderiam ocorrer com o fortalecimento da cooperativa, que, depois da nacionalização promulgada em julho e da passagem a COMIBOL de mais de 50% de seus ex-filiados, agora é minoritária. O ponto é que com os piores argumentos a cooperativa está se fortalecendo efetivamente e criando um precedente desalentador para a recuperação total dos recursos e para sua administração e aproveitamento em benefício da maioria.
Segundo o ministro Virreira, o apoio ao sistema cooperativo é porque este libera ao Estado da necessidade de dar empregos. Com base neste argumento, deveríamos apoiar qualquer tipo de explorador. O mesmo ministro, pressionado pela mobilização dos assalariados de Colquiri, afirmou sucessivamente que o governo defende a nacionalização total da jazida e somente por respeito à posição dos cooperativistas não a realizou. Aqui não se trata de respeito, mas de intervir em um setor que viveu profundas transformações.
O próprio presidente Evo Morales reconheceu em diversas ocasiões que “há empresas por trás de muitas cooperativas” que, como demonstrado em um estudo de CEDIB, estão nas mãos de um punhado de famílias. Evo pediu ao setor para limpar sua própria casa, mas isto é e será impossível enquanto as políticas do Estado favorecerem o que está ocorrendo e enquanto não existirem instrumentos legais, normas e regulamentos para impedir que as cooperativas se tornem a cobertura de empresários, indivíduos ou associados que exploram o trabalho alheio. Normas sobre a divisão de bens entre os associados e sobre a eliminação do trabalho por peça e de segunda mão que sirvam também para condicionar o apoio material ao setor cooperativista com base no cumprimento das mesmas.
Em Colquiri estão todas as condições para se recuperar para o Estado 100% da jazida, como aconteceu em Huanuni: apoio popular contundente e disponibilidade dos assalariados. A concessão dos veios Rosario “N” e”D” à cooperativa, longe de ser uma solução salomônica de um conflito, é um passo atrás que incendeia novamente a situação. Como já se declarou em reiteradas ocasiões, as nacionalizações são uma política de Estado e o eixo da ação do governo, pois em Colquiri devem ser realizadas políticas de incentivos materiais diretamente aos trabalhadores e a toda a comunidade, para esvaziar a cooperativa em COMIBOL.
FENCOMIN entendeu muito bem que a nacionalização de Colquiri representa uma conquista, um exemplo e um precedente que podem se espalhar. Por esta razão, e durante todo o mês de agosto, esteve pressionando para desvalorizá-la. A COB deve apoiar a mobilização dos assalariados de Colquiri convocando uma mobilização nacional de apoio à nacionalização de 100% desta jazida.
Translation: Esquerda Marxista (Brazil)