Eu tive a honra de trabalhar lado a lado com Camilo como meu colaborador mais próximo e companheiro pelos últimos 10 anos, os últimos cinco como colegas de trabalho. Seu papel na organização cresceu dia a dia. Sua timidez inicialmente apresentou barreiras para falar em público, mas sua inteligência e compreensão da importância do meio levou a se tornar um orador perspicaz que deixava um impacto no público.
Apesar de sua experiência, ele nunca parou de aprender. Se ele não tivesse sido tão cruelmente tirado de nós, estou certo de que ele teria se desenvolvido em uma figura de importância singular. Infelizmente, nunca saberemos o que ele poderia ter alcançado. Ironicamente, seu último artigo publicado antes da sua morte também foi o artigo mais popular no site da www.marxist.ca. Sua análise da classe trabalhadora de Alberta, na véspera da eleição, se tornou viral em Alberta, atingindo mais de 35.000 pessoas. Neste artigo Camilo explicou como Alberta, o chamado Texas do Canadá, não é imune à luta de classes e lutou contra o descaso elitista para com os trabalhadores de Alberta por parte de ativistas em Ontário e Quebec. Agora Alberta está enfrentando um terremoto político. Camilo tinha a intenção de escrever uma análise pós-eleitoral, uma tarefa que seus companheiros terão de pegar. É um tributo ao homem que podia ser tão produtivo ao mesmo tempo em que estava tão doente.
Camilo foi responsável por muitas das tarefas sem glamour no escritório do Fightback. Sem tais tarefas nenhuma organização séria pode funcionar. Ele editou artigos, atualizou o site, despachava os jornais, cuidava de volumosa correspondência, entre outras coisas. No entanto, sua tarefa mais importante e gratificante estava na educação da juventude nas ideias marxistas. Ele tinha um conhecimento que ia além de sua idade. Se uma coisa pode ser tirada de lição da vida de Camilo, é a necessidade de dedicar-se ao estudo e discussão da teoria política como meio de emancipar a classe trabalhadora. Isto é dirigido especialmente aos jovens.
A doença que levou Camilo de nós cresce a cada dia com a crise do capitalismo. O suicídio é uma epidemia crescente. O capitalismo literalmente mata. No entanto, é errado aplicar essa generalização de massa para cada indivíduo, especialmente Camilo. É necessário falar sobre isso para cortar o silêncio e o estigma. Ele estava lutando contra uma doença mental por muitos anos e tinha feito tudo certo. Ele estava tendo consultas semanais e estava recebendo ajuda médica. Através da política, ele tinha um círculo social animado de camaradas que se importavam profundamente com ele. Ele não estava desanimado com o futuro, e era incrivelmente orgulhoso do que os marxistas tinham alcançado no Canadá e internacionalmente. Fightback acabara de realizar uma campanha e conquistar seu primeiro escritório, um grande passo adiante. Ele foi o autor principal do nosso documento de perspectivas para 2015, que transborda de confiança na revolução e na classe trabalhadora. Esperamos que este documento tradicionalmente não assinado esteja disponível em breve como uma homenagem a Camilo. Mas ele também era um homem muito privado e terrivelmente embaraçado sobre sua doença. Este constrangimento foi desnecessário. Alguns lutam contra o câncer até o fim e sucumbem. Camilo lutou contra a depressão até o fim e foi igualmente dominado pela doença, apesar de seu grande esforço e do apoio dos amigos.
Nós temos o camarada Camilo em nossos corações à medida que continuamos a luta pela qual ele dedicou sua vida demasiado curta. É muito cedo para dizer, "não chorem, organizem-se", por isso vamos fazer as duas coisas. Toda luta tem as suas perdas e esta é a perda mais difícil que tivemos de enfrentar. Nós sabemos que nós não estaríamos onde estamos hoje sem Camilo Cahis. Um camarada na luta caiu e vamos lutar até o último dia, quando o miserável sistema capitalista terá o seu velório.
Camilo, 33, deixa mãe, pai, dois irmãos e sua família revolucionária no Canadá e internacionalmente. Ele foi muito amado e será lembrado até o fim.